A Próxima Evolução do World Wide Web
Nota do editor: Esta é a quarta reportagem de uma nova série chamada “Blockchain Basics”. Seja você um regulador ou operador, conhecer os fundamentos do blockchain ajudará você a tomar decisões certeiras à medida que os fornecedores disponibilizem features usando essa tecnologia. Para obter mais informações ou uma explicação mais detalhada do blockchain em sua jurisdição ou em sua plataforma, entre em contato com seu representante GLI
Desde sua invenção em 1989, a World Wide Web mudou significativamente a forma como nos comunicamos e trocamos informações. Quando do seu lançamento, muitos a chamaram de Web 1.0, mas na época era conhecida apenas como a World Wide Web (www). Esta versão original começou a evoluir em 2004 e se tornou no que conhecemos da web hoje, essa evolução foi bastante contínua e na época muitas vezes não foi referida como uma atualização para o original. Olhando para trás, muitos agora se referem a isto como Web 2.0, e precisamos dessas definições para entender melhor o que será a Web3 (ou Web 3.0) e por que é diferente.
Então, novamente, a Web 1.0 é a implementação inicial do www, e muitos se referem a isso como a fase de informação “somente leitura” ou “unidirecional”. Foi aqui que foram desenvolvidas páginas web com texto e imagens, e foram criados motores de busca para permitir uma melhor navegação e descoberta das informações que procurávamos. Basicamente, era uma versão digital de enciclopédias com algumas funções primitivas para interação de humano para humano. A Web 2.0 foi uma evolução para o “bidirecional” ou “ler-escrever”, que melhorou muito nossas experiências e compartilhamento de conhecimento. De blogs a mídias sociais e de PCs a dispositivos móveis, os usuários puderam se conectar de uma maneira mais significativa e instantânea. Incentivou mais a criação e a contribuição, especialmente porque muitas plataformas tornaram isto bem conveniente de ser feito. Também trouxe a monetização de aplicativos e serviços e focou no poder e propriedade dos dados, o que também levou a ataques cibernéticos mais frequentes e a necessidade de maior segurança e práticas de usuário mais inteligentes. É importante mencionar que a Web 2.0 foi mais um “pacote de expansão” em cima da Web 1.0, já que a maior parte das funcionalidades originais ainda estão amplamente disponíveis e utilizadas.
E então a Web3. O que significa? Bem, é uma outra grande questão com uma grande variedade de respostas, principalmente porque ainda está sendo criada e lançada vagarosamente em vários pacotes ao redor do mundo. O mais interessante é que, está chegando da mesma forma que chegou a Web2. Não está sendo um grande lançamento/upgrade feito em um dia; está sendo incremental, de forma contínua, com constantes mudanças e upgrades. Esta é a razão de haver tantas variações na definição da Web3, enquanto uns estão pensando agora o que é, outros já estão pensando no que poderá ser amanhã.
O que estão chamando de Web3 é simplesmente uma mudança de uma solução centralizada para uma descentralizada. Na internet que usamos hoje (Web2), conteúdos e aplicações são gravados em um servidor ou na nuvem juntamente com dados do usuário e alguma outra informação. Alguém é “dono” disto é “hospeda” esta informação. Por ser a Web3 uma solução descentralizada, agora, é claro, não é propriedade de uma única fonte e, por meio de blockchain, é sem permissão e autogovernada. Os aplicativos não são mais implantados em um servidor, mas os dapps (aplicativos descentralizados) são executados em nós, ponto a ponto.
Você deve estar pensando, “o que”? Não estou seguro onde as coisas estão hospedadas agora, então, o que esta mudança realmente significa? Boa pergunta. Estou feliz que tenha perguntado. Isto tem um potencial para uma GRANDE mudança, mas vamos dar uma olhada em algumas áreas chaves que poderão ser impactadas:
- Pagamentos. Na Web 2.0, pagamentos são feitos através de um sistema complicado que requer provedores de pagamentos e integrações. Com a web descentralizada, uma camada natural de pagamento é construída, permitindo que cripto carteiras manejem pagamentos. Meu blog anterior discutiu os benefícios do cripto sendo uma verdadeira moeda mundial rápida, rastreável e descentralizada e então todos estes benefícios agora serão facilmente integrados nas compras diárias pela web.
- Identificação. Hoje, temos vários sites e aplicações que exigem usuário e senha para acessar informações segura e sensíveis. Em muitos casos, os crimes cibernéticos motivaram uma espécie de evolução, levando a necessidade de senhas mais fortes e autenticações de multifatorial; no entanto esta segurança adicional realmente não altera o método de identificação. Na Web3, a identificação será vinculada ao endereço de sua carteira digital. Isto não será apenas muito mais seguro do que um cenário onde é solicitado usuário/senha, mas também evitará que dados pessoais se tornem públicos. Uma vez que apenas o endereço da carteira será compartilhado, ninguém mais terá acesso aos seus dados pessoais e endereço de e-mail, o que significa que não haverá mais venda/compartilhamento deste endereço de e-mail, que significa NÃO MAIS SPAM! Ótimo! E mais um benefício é que seu endereço de carteira será único e poderá ser utilizado em toda a Web3, o que significa que não teremos que ter um usuário/senha para atender os requisitos de cada site, que significa o fim da frustração tentando lembrar uma combinação particular de usuário/senha para se logar. Isto será demais!
- Economia. Tenho certeza de que todos vocês estão familiarizados com o crowdsourcing, ou sua irmã mais nova, crowdfunding. Basicamente, eles são uma forma de resolver grandes problemas, distribuindo partes dos problemas vários indivíduos resolverem. No caso do crowdsourcing, o “problema” normalmente são dados ou conteúdos, e um bom exemplo disto é o “Waze”, que encoraja os usuários a reportarem as condições/problemas do trânsito. Já no caso do crowdfunding, o “problema” são, bem, fundos e bons exemplos são “Kickstarter” e “Go Fund Me”, que permitem que as empresas obtenham os fundos necessários para lançar um produto sem precisar de capital próprio ou emprestado. A Web3 levará esses conceitos para um outro nível e, por meio de tokens criptográficos, permitirá que negócios completos sejam totalmente lançados de maneira rápida e ágil. Por exemplo, alguém tem uma ideia de um produto ou uma solução e quer criar isto. Assim como no Kickstarter, eles poderão postar esta ideia e atrair investidores. Já na Web3, você conseguirá investidores que receberão uma parte da empresa (em vez de ações, eles receberiam “tokens” alocados à empresa), e você poderá conseguir funcionários (desenvolvedores) que querem contribuir e serão pagos por esses mesmos tokens, e os pagamentos serão feitos mediante a venda deles. Este é o Kickstarter com esteroides, e realmente permitirá que pessoas apaixonadas e comprometidas com a ideia/produto se envolvam desde o início, direcionando seu sucesso em contraste com hoje, onde muitas vezes são lançados por investidores que estão conduzindo o negócio possivelmente sem essa paixão, o que poderia levar a um resultado diferente (menos impactante).
- AI. Neste momento, a Inteligência Artifical está obtendo grandes ganhos em aprendizado de máquina por meio de reconhecimento e projeção de padrões. Alguém observou o quanto alguns dos assistentes de voz mais populares estão hoje comparando com quando foram lançados? Quantas vezes você perguntou algo a eles e recebeu como resposta “não estou seguro”? Alguns deles realmente evoluíram e são bastante úteis (então, tente novamente se você os eliminou há alguns anos; alguns são melhores que outros, e não vou citar nomes, é claro). Através da natureza descentralizada da Web3, a IA pode se desenvolver mais rapidamente, e essa é uma área que já está sendo beneficiada hoje.
- Metaverso. E a discussão sobre Web3 não estaria completa, certamente, sem mencionar nosso bom amigo Metaverso, um outro termo que tem uma vasta gama de definições, dependendo para quem você perguntar. Para mim, o Metaverso é somente um mundo digital. Neste momento, estes mundos estão sendo construídos separadamente e não realmente não se interagem ou se conhecem entre si. O metaverso do Facebook não tem nenhuma integração com o “Decentral Land”, e é assim que eles querem que seja. O Metaverso precisa de uma solução descentralizada (Web3) para sobreviver, especialmente se eles querem proporcionar um ambiente onde as pessoas querem passar seu tempo. Mas o que significa isto e para onde isto irá, ainda é uma incógnita. Não estamos muito longe do mundo retratado em Ready Player One, mas vamos esperar que não cheguemos tão longe.
Agora, espero, que você consiga ver mais o potencial do que a Web3 pode trazer e entender novamente por que as definições tendem a variar tanto entre os especialistas.
Então, Web3 é tudo de bom? Bem, este é um outro debate saudável. O mundo descentralizado gera muitas informações, boas e ruins. Por ainda ser uma criança, há muitos problemas, muitos dos quais estão relacionados ao exemplo de “economia” que discuti anteriormente. Os projetos de NFT e Metaverso estão entrando em colapso antes mesmo de serem concluídos, deixando os investidores com perdas significativas. Blockchains estão dessincronizados com o tempo do mundo real, criando problemas com a reconciliação de transações. Muitos desses problemas estão ocorrendo porque a tecnologia é nova; muitos ainda não o entendem completamente; e certamente não criamos muitas regras ou práticas recomendadas em torno disso. Para mim, esses exemplos são obviamente infelizes para os humanos, olhando pelo lado perdedor, mas sinto que essas perdas/cenários podem ocorrer da mesma forma em nosso mercado de ações hoje. Então, sinto que a verdadeira preocupação é mais ambiental. A descentralização e a complexidade do blockchain exigem muito poder de processamento. Em outras palavras, é preciso uma tonelada de recursos do mundo real para alimentar essa tecnologia. Eu costumo comparar isto aos automóveis. Tivemos que estabelecer regras há algum tempo para garantir que os fabricantes de automóveis não fabricassem carros com consumo insuficiente de combustível. O interessante é que levamos cerca de 100 anos de fabricação antes de ver a necessidade de fazer isso! Sinto que precisamos fazer o mesmo com blockchain e definir regras e padrões em torno dos requisitos de poder de processamento para transações, mas precisamos fazer isso MUITO mais rapidamente. Temo que, se não fizermos isso em breve, teremos muitas soluções que exigirão muitos recursos e teremos muita infraestrutura construída em torno delas para fazer algo a respeito.
Cheque mensalmente nosso blog onde continuaremos a ajudá-lo a construir seu conhecimento básico de blockchain. Além disso, sinta-se sempre à vontade para entrar em contato com seu representante GLI. Nós estamos aqui para te ajudar.
– Mackenzie Haugh é Vice-Presidente de Engenharia da GLI
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